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Um dos cinco estados brasileiros com maior potencial de geração de energia elétrica utilizando a força dos ventos, o Rio Grande do Norte deverá até 2016 gerar 7 GW de energia eólica, o equivalente a 50% do que produz atualmente a maior usina hidrelétrica do mundo, a usina hidroelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR).

Para chegar a esta produção de energia, o Estado vai receber de investimentos até 2014 cerca de R$ 11,2 bilhões para a instalação de 91 parques eólicos, contabilizando o último leilão do dia 20 de dezembro passado. Segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte, 90% desses investimentos serão aplicados até o final de 2014.

Os estados que apresentam maiores potencialidades de energia eólica, segundo estudos, são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. Estes dois estados nordestinos apresentam as melhores condiçoes de ventos na região e disputam a captação de empresas investidoras em energia eólica.

Em 2002, Aneel (Agencia Nacional de Energia Elétrica) tinha 15 outorgas de usinas eólicas para o Rio Grande do Norte.

Hoje, já são 11 usinas em operação produzindo 336.556 (KW) de energia eólica em quatro municípios, Guamaré, Macau, Rio do Fogo e Brejinho. A maior concentração de usinas fica no município de Guamaré, onde está localizada a mini-refinaria da Petrobras Clara Camarão, que processa petróleo e gás natural.

A Petrobras já está usando na refinaria a energia eletrica produzida pelos ventos das usinas éolicas de Mangue seco I,II , III e IV, que possui 55 torres, implantada pela empresa alemã Wobben, já com fábrica de componentes em Pecem (CE), São Paulo e Rio Grande do Sul, além de uma unidade de fabricação do tubo de sustentação dos aerogeradores no municipio de Parazinho, na região de Guamaré.

Em março, a Aneel vai promover um novo leilão de energia eólica. Nos quatro leilões anteriores realizados pela Agência, nos anos de 2009, 2010 e 2011, cerca de 70 usinas foram outorgadas.

A Itaipu Binacional (Brasil-Paraguai) tem 14.000 MW de potencia instalada em suas 20 unidades geradoras, fornecendo 17% da energia consumida no Brasil e abastece 73% do consumo paraguaio.

“Em 2016 o Rio Grande do Norte vai gerar de energia eólica o equivalente a metade do que produz Itaipu, ou seja, 7 GW de energia limpa, o que representa desenvolvimento para o Estado”, comemora o secretário

Para secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Benito Gama, a boa performance do Estado na captação de investimentos para parques eólicos no território potiguar resulta da oferta de regiões com excelentes condições de ventos constantes pelo ano todo.

“O Rio Grande do Norte detém 35% do potencial autorizado a instalar de energia eólica no Brasil, já contando com três parques instalados e outros 91 para serem instalados, referentes aos leilões de 2009, 2010 e 2011”, explica Gama.

As regiões do litoral Norte e Serra de Santana, na região do Seridó, no centro do Estado, são as áreas já mapeadas com maior potencial de geração de energia eólica.

Atualmente, os parques já instalados e produzindo 222.156 KW ficam nos municípios de Rio do Fogo (60 km de Natal), Guamaré (170 km), Macau (200 km) e Brejinho (60 km). Os três primeiros ficam no litoral Norte e o último no interior, na região do Agreste.

O parque de Rio do Fogo pertence ao grupo Iberdrola, o mesmo que controla a Cosern, a companhia energética do Estado.

Em Guamaré, o parque Alegria I pertence ao grupo Multner, enquanto a Petrobras explora a geração de energia dos ventos em Macau.

Existem ainda outras 62 usinas em fase de instalação em São Miguel do Gostoso, São Bento do Norte, Rio do Fogo, Parazinho, Pedra Grande, Macau, Lagoa Nova, João Câmara, Guamaré, Galinhos, Caiçara do Norte, Bodó e Areia Branca.

Segundo o secretário Benito Gama, a geração de energia eólica no Estado tem a participação de empresas dos Estados Unidos, Espanha, Portugal e Alemanha. Enquanto os equipamentos têm nacionalidades de países como Alemanha, Dinamarca, Argentina, Espanha e Índia.

Os prazos para os projetos referentes ao leilão de 2009 vencem em dezembro deste ano, enquanto os do leilão de 2010 é setembro de 2013. Já os projetos do leilão de agosto de 2011 têm prazo até 2014. O ultimo leilão de 2011 estipulou o prazo de dezembro de 2016 para os projetos serem executados.

POLÊMICA DAS DUNAS DE GALINHOS

O caso dos moradores de Galinhos que rejeitam a implantação de aerogeradores nas dunas do munipio, o secretário Benito Gama tenta amenizar o episódio, considerando que apenas um pequeno grupo de pessoas está articulando o movimento.

Segundo ele, a implantação dos aerogeradores não vai causar impacto ambiental no município, mas sim trazer desenvolvimento para a região.

Benito Gama afirma que a empresa Brasventos, consórcio formado pela empresa paranaense J. Malucilli, Furnas e Eletronorte, está com todos os licenciamentos ambientais aprovados no Idema, órgão ambiental do Estado responsável pela aprovação dos projetos das usinas eólicas.

O secretário teme que este episódio possa prejudicar o Rio Grande do Norte em captar novos investidores em energia eólica para o Estado.

Atualmente, estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará, além do Rio Grande do Norte, são os maiores captadores de investidores para a produção de energioa eólica.

No Nordeste, o Rio Grande do Norte e o Ceará disputam este mercado. Até este episódio de Galinhos, o Estado potiguar tinha a preferência dos investidores por encontrar aqui mais facilidades em aprovar seus projetos.

O empresário português Armando Abreu, da empresa Martifer Renováveis, declarou em 2010 que naquele momento havia muitos investimentos correndo para o Rio Grande do Norte porque “quase todos os projetos do Ceará têm problemas no Ministério Público”.

Mesmo ganhando o direito de instalar seu parque eólico no Ceará, o empresário declarou na época o interesse da sua empresa em atuar no Rio Grande do Norte.

Armando reclamou das “multas altíssimas” em caso de atrasos nos projetos e da atuação do Ministério Público cearense mesmo depois do projeto ter aprovação dos orgãos ambientais, como a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).

“É mais seguro o Rio Grande do Norte porque o Ministério Público acata as instituições ambientais”, disse ele na época.

O diretor do Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte), Gustavo Szilagyi, no cargo desde novembro do ano passado, afirma que o órgão se baseia nas leis ambientais para aprovar os projetos de energia eólica no Estado.

Segundo ele, o Idema tem o Núcleo de Parques Eólicos dentro da Subcoordenadoria de Licenciamento Ambiental e Controle Ambienta (SLCA) só para cuidar desses processos envolvendo esta energia. “São mais de 15 mil processos envolvendo licenciamento ambiental, renovação e transferência de titularidade, principalmente de projetos para usinas eólicas no Estado”, explica Szilagyi.

O QUE É ENERGIA EÓLICA

A energia cinética contida nas massas de ar em movimento (o vento) denomina-se de energia eólica, com o seu aproveitamento se dando pela conversão. A energia cinética de translação se converte em energia de rotação a partir do emprego de turbinas eólicas, também conhecidas por aerogeradores.

Estes aerogeradores são impulsionados pelo vento que gira as pás (hélices) e geram eletricidade, que depois é distribuída para uma rede e entra no sistema da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), que fornece energia elétrica para o Nordeste.

No inicio da energia eólica no Brasil, que começou a partir de 2000, o problema maior para a sua expansão no país era o elevado custo da instalação dos aerogeradores.

Segundo os especialistas nessa energia renovável, com a queda da demanda por energia nos países europeus, diante da crise européia, os preços internacionais de geradores e outros equipamentos caíram. Um parque eólico que custava em torno de R$ 5 milhões por MW instalado, atualmente tem um custo em torno de R$ 4 milhões.

Além da queda dos preços de equipamentos, que já começaram a ser fabricados no país, o governo Federal também concedeu isenção fiscal e financiamentos mais longos pelo BNDES.

Considerada uma energia limpa, a energia eólica pode causar impactos socioambientais negativos, como os sonoros e visuais. Com a modernização dos aerogeradores, o ruído do giro das hélices tem caído muito, não criando maiores problemas de poluição sonora.

Quanto à poluição visual, a polêmica é grande. Tem uma corrente que acha que as enormes torres e hélices não causam nenhum problema, enquanto que outra vê prejuízo para a paisagem natural.

Feias ou bonitas, as usinas eólicas crescem no mundo todo. A Associação Européia de Energia Eólica estabeleceu novas metas de produção. Até 2020, a associação calcula que a energia dos ventos poderá suprir 10% de toda energia elétrica consumida no mundo.

Enquanto o Brasil quer chegar a 7% de energia eólica na sua matriz energética, a Dinamarca já atinge a 18% de toda a eletricidade gerada no país, com previsão de chegar a 50% até 2030. Já na região de Schleswig-Holstein, na Alemanha, a energia eólica representa cerca de 25% do parque de energia elétrica. .

Estudiosos da energia eólica reconhecem que mesmo sendo uma energia limpa, há inconvenientes na instalação de parques eólicos e recomendam que em determinadas áeas deve ser mais cuidadosa a sua implatanção e até evitada, principalmente ser for prejudicial ao ecossistema ou causar um impacto visual negativo ou mesmo sócio econômico em disputa com outra atividade, como a turística.
 

PARQUES EÓLICOS EM OPERAÇAO NO RN

Nome da Usina Potência (KW) Proprietário Município


1) RN 15 - 49.300 100% Energias Renováveis do Brasil Rio do Fogo

2) Alegria II 1.650 100% New Energy Options Guamaré

3) Alegria I 51.000 100% New Energy Options Guamaré

4) Macau 1.800 100% Petróleo Brasileiro Macau

5) Aratuá I 14.400 100% Brasventos Aratuá 1 Guamaré

6) Mangue Seco 3 26.000 100% Eólica Mangue Seco 3 Guamaré

7) Mangue Seco 2 26.000 100% Eólica Mangue Seco 2 Guamaré

8) Mangue Seco 1 26.000 100% Eólica Mangue Seco 1 Guamaré

9) Mangue Seco 5 26.000 100% Eólica Mangue Seco 4 Guamaré

10) Miassaba II 14.400 100% Miassaba Geradora Eólica Guamaré

11) Ventos do Brejo A-6 6 100% Centro de Tecnologias do Gás Brejinho

Fonte: ANEEL - 2012